A evolução da moda nos videoclipes: da MTV aos Reels

A evolução da moda nos videoclipes

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Desde que a MTV surgiu em 1981 com a icônica frase “Ladies and gentlemen, rock and roll”, os videoclipes deixaram de ser apenas divulgação musical e se tornaram vitrines culturais. E no centro de tudo isso, a moda sempre teve um papel de protagonista. Cada figurino falava tanto quanto a melodia.

Hoje, com a era dos Reels do Instagram e dos vídeos verticais do TikTok, a moda continua essencial — só que num ritmo mais acelerado, fragmentado e efêmero. Nesta matéria, vamos percorrer essa linha do tempo visual, mostrando como os videoclipes moldaram a linguagem da moda, ditaram tendências e criaram legados visuais — da era dourada da MTV até os algoritmos das redes sociais.

Quando a MTV colocou a moda sob os holofotes

Nos primeiros anos da MTV, os clipes eram quase curtas-metragens feitos com criatividade no lugar de grandes orçamentos. Artistas como Madonna, Prince e David Bowie usavam a moda como extensão da própria identidade. Nada era por acaso — tudo tinha intenção estética e simbólica.

O look de noiva rebelde de Madonna em Like a Virgin virou ícone instantâneo. A jaqueta vermelha de couro de Michael Jackson em Thriller não só marcou uma época, como virou item de colecionador. Nesses vídeos, os artistas não estavam só performando — eles estavam construindo visuais que migravam direto pras ruas.

A moda percebeu rápido. Já nos anos 90, grandes marcas começaram a colaborar com músicos, influenciando tanto os figurinos quanto as passarelas. A MTV virou uma espécie de laboratório visual para testar silhuetas ousadas, estéticas futuristas e cruzamentos culturais entre som e estilo.

Anos 2000: ostentação, marcas e superprodução

Com câmeras em HD e orçamentos mais gordos, os anos 2000 trouxeram videoclipes com cara de cinema. Foi a era do brilho, dos logos gigantes e da estética “quanto mais, melhor”. O hip-hop, o R&B e o pop tomaram conta das telas com visuais cada vez mais luxuosos e marcantes.

Aqui, a moda deixou de ser coadjuvante e virou protagonista. Lembra dos looks da Beyoncé em Crazy in Love? Ou da estética Harajuku da Gwen Stefani em Luxurious? Missy Elliott então nem se fala — seu figurino em The Rain parecia vindo do futuro.

Foi nessa época também que os figurinos dos clipes começaram a influenciar diretamente o fast fashion. Aquilo que você via à tarde na TV, aparecia nas vitrines do shopping no fim de semana. Moda e música estavam finalmente sincronizadas — em tempo real.

A era YouTube e o estilo mais próximo do fã

Quando o YouTube surgiu em 2005, tudo mudou. A produção ficou mais acessível, e os artistas passaram a ter mais liberdade criativa. Sem precisar do aval da MTV, bastava uma câmera na mão e uma ideia na cabeça para criar um clipe — e com isso, os estilos também se diversificaram.

O visual se aproximou do dia a dia. Artistas independentes começaram a usar roupas garimpadas em brechó, cenários caseiros e um estilo “gente como a gente”. Vídeos virais, como Bad Romance da Lady Gaga ou o clipe de esteira do OK Go, geravam impacto não só pela roupa, mas pela forma como eram compartilhados.

Nascia aqui o conceito de “moda possível”. Nada mais de produções inalcançáveis — o visual dos clipes parecia algo que você podia reproduzir com criatividade (e uma ida rápida ao centro da cidade).

Reels, TikToks e o ciclo acelerado das microtendências

Hoje, a moda nos videoclipes cabe na palma da mão. Os Reels e os TikToks transformaram o clipe em fragmentos de 15 segundos. Mas, curiosamente, a importância do figurino continua — talvez até maior.

Uma roupa usada em um vídeo de dancinha pode viralizar e influenciar vendas no mundo inteiro no dia seguinte. O estilo precisa ser direto, impactante e “copiável”. Não tem mais espaço pra evolução lenta — a moda precisa grudar na mente em segundos.

Algumas marcas da era atual:

  • Casualidade estilizada domina: moletom, top, tênis — quanto mais descontraído, melhor.
  • Estéticas de nicho em alta: cottagecore, y2k, gótica suave — tudo encontra seu momento de brilho.
  • Sem porteiros: artistas independentes lançam tendências tanto quanto os grandes nomes.

Hoje, o público participa do ciclo. Os fãs recriam looks, remixam visuais e transformam o estilo em um jogo coletivo. A moda do videoclipe virou diálogo, não monólogo.

De stylists a algoritmos: o futuro da moda visual

Com o avanço das redes sociais e da inteligência artificial, o que se veste num clipe já não depende só do stylist — depende também do algoritmo. Likes, comentários e tempo de visualização ditam o que bomba. A moda virou performance com dados.

E com o surgimento de roupas digitais, filtros em realidade aumentada e figurinos no metaverso, o futuro visual da música tende a ser cada vez mais imersivo — mas ainda profundamente emocional. No fim das contas, o look ainda é o que traduz a alma do artista em imagem.

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